quarta-feira, 19 de março de 2008

Regulamentar a profissão? (S/n)

Nas últimas semanas, voltou à tona um assunto polêmico: a regulamentação da profissão de informática no Brasil. Depois de um bom tempo engavetado, o projeto de lei 1947/03, que versa sobre o tema, obteve parecer favorável na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Congresso Nacional através do senador Expedito Júnior, do PR de Rondônia.

Em meio a opiniões favoráveis e contrárias à idéia regulamentação da profissão de informática, há alguns pontos a serem ressaltados. Por um lado parece haver uma insatisfação dos profissionais por conta de uma desvalorização atual da profissão e de uma possível concorrência desleal sofrida pelos profissionais com formação superior nas universidades para aqueles com formação mais técnica advindos dos inúmeros cursos de informática que existem a cada esquina.

Quanto à desvalorização da profissão, de fato, ainda que não se possa generalizar, não é difícil, p.ex., encontrar editais de concursos tais como o abaixo (vê-se também que casos desse tipo não estão restritos apenas à área de informática):

CARGO: Analista de sistemas REQUISITOS: diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação em nível superior em Ciência da Computação, Engenharia de Software, ou Tecnologia da Informação (..) REMUNERAÇÃO: R$ 540,00 (..)

Por outro lado, talvez não faça sentido falar em competição desleal entre o profissional saído das universidades e aquele saído das escolas de informática. Independentemente da questão da qualidade do ensino superior no Brasil, tem-se visto que o próprio mercado trata de diferenciar os bons dos maus profissionais.

A questão parece ser que mesmo o diploma universitário não é garantia de que profissionais qualificados cheguem ao mercado. E talvez seja esse ponto mais controverso da atual proposta de regulamentação: restringir o mercado de informática a profissionais com diploma independentemente da sua qualificação (diferentemente, p.ex., da Ordem dos Advogados do Brasil, cujo exame para exercer a profissão impede que cheguem ao mercado profissionais sem a devida qualificação).

Outros pontos que merecem discussão, sem dúvida, dizem respeito ao profissionais com certificações de mercado (como LPI e outras) além da definição do "escopo" da área de informática (afinal, seria necessário registro para trabalhar com bio-informática ou mecatrônica, p.ex.?). Também é verdade que ter a profissão regulamentada poderia ser um meio de evitar os muitos casos de maus profissionais (entendam-se, o famoso "sobrinho" que entende de informática) que prestam serviços de baixa qualidade principalmente à micro e pequenas empresas -- e cujos maus serviços refletem sim à sociedade que não tem quaquer controle sobre esse tipo de profissional. Ao mesmo tempo pensa-se se seria justo condenar os bons profissionais free-lancer e auto-didatas sob pena de exercício ilegal da profissão.

Enfim, para concluir este texto, gostaria claro, de conclamar todos à reflexão desse tema que muito tem a contribuir com nossa sociedade. Não sem antes mencionar ainda que o guru do movimento de software livre, Richard Stallman, é contrário à tal iniciativa;mas também que há especialistas que dizem que o desenvolvimento de software livre, p.ex., seria pouco afetado.

Por hora é isso. Até a próxima, gente!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Ajude a tonar o ODF uma norma técnica nacional

ODF é a sigla para Open Document Format. Trata-se de um modelo arquivos eletrônicos em aplicações de escritório, como documentos, cartas, relatórios técnicos, memorandos, ofícios, livros além de planilhas, slides de apresentações, bases de dados e até gráficos.

Certamente todas as pessoas que trabalham com computadores já lideram com arquivos desse tipo em aplicações de escritório. São arquivos muitíssimo populares. Windows, Word, Excel e PowerPoint estão na grade de diversos "cursos de informática" (na verdade, cursos básicos de aplicações MS, pois informática vai muito além disso) por aí,

A propósito, neste cenário, quem nunca teve problema enviando um arquivo .doc salvo numa versão do Word a um amigo que não o conseguiu abrir por ter outra versão do MS-Office? Este é um problema extremamente comum e que já custou até vidas. Na tragédia do tsunami no leste asiático de 2004, pessoas deixaram de ser atendidas por causa que documentos de requisições de remédios simplesmente não puderam ser abertas por problemas deste tipo.

Mas antes que tentem pôr qualquer justificativa, é bom ressaltar que a principal razão para este problema é que os documentos da suíte MS-Office são um completo mistério. Um segredo comercial conhecido apenas pelo fabricante. O que gera uma dependência tecnológica nociva principalmente aos países em desenvolvimento -- como o Brasil.

Desde os últimos 10 ou 12 anos surgem iniciativas para padronizar documentos eletrônicos de escritório. ODF é o ápice da evolução destas iniciativas. Simples, coeso, livre e acessível. Há algum tempo foi adotado como padrão internacional pela ISO. E agora é a vez do Brasil!

Está aberta até o final de março, consulta pública sobre a adoção do ODF como norma técnica ABNT para representação de documentos eletrônicos. Para apoiar esta iniciativa, visite o site. No meio da relação de normas propostas, vai estar:

(01) ABNT/CB-21 COMPUTADORES E PROCESSAMENTO DE DADOS, Selecione o item, depois clique na lupa e dê seu voto a favor do projeto (se possível, com a opção "Aprovado sem restrições". ;-)

Pronto. Depois de um cadastro é bem RÁPIDO e FÁCIL, seu voto será confirmado por e-mail.

Se você quer saber mais sobre o padrão ODF, informe-se. Não deixe também de participar da comunidade BrOffice.org e dos grupos de usuários, p.ex. o nosso GuBrO-PA.

É isso.